quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Caché

Indicado por um amigo, assisti ontem Caché (2005) de Michael Haneke. O filme tem sequências lentas, mas com uma habilidade que nos faz compreender a razão. Desde o início somos levados a dúvidas sobre o tempo em que as cenas ocorrem, bem como sua veracidade explícita. Por detrás da discussão a cerca da dicotomia: essência e aparência, Haneke nos envolve em questões sobre a vida dos imigrantes em França e as instáveis relações familiares das últimas décadas.



domingo, 8 de agosto de 2010

Formas de amar

Ontem, cansado… me sentindo mal… Apenas ligar a tv em qualquer canal era um regozijo, aliás merecido por semana tão estressante e com tanto trabalho. Num dos canais passava Romeu e Julieta, não vi o início, nem o fim, apenas parte do meio. Não pude deixar de contrastar a leitura que Shakespeare faz do amor com um artigo que li ontem mesmo no Le Monde Diplomatique. Romeu e Julieta em seu primeiro encontro fazem juras de amor eterno, e nos faz sufocar só a idéia de que ficarão separados de alguma forma. O artigo falava de patriarcado, violência de gênero, mas também sobre uma dependência construída socialmente durante séculos de que a única forma de amar é o da dependência, da idealização e de se completar no outro.

Combater essas premissas é trabalho fácil. Difícil é conseguir nos desvencilhar de pensamentos, idéias, razões, entendimentos que não são nossos. Difícil é aceitar como o meio nos define, nos modela.

Querer, não querer, saber porque querer, não saber, imitar, sofrer acabam por ser relativizados também. Amor, formas de amar, é apenas um exemplo de que pensar com nossas cabeças é mais árduo do que se parece.

sábado, 7 de agosto de 2010

It´s a Free World

As atuações, nem a direção são brilhantes em It´s a Free World (2007), mas vale a pena pelo roteiro de Paul Laverty. Ken Loach, que possui melhores trabalhos como The Wind That Shakes the Barley (2006), toca em assuntos delicados na Inglaterra, como o paradoxo das leis trabalhistas, democracia, cidadania relacionando-se com imigração e trabalho informal.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Cássio

Em visita ao bairro 16 de Junho no município do Lobito (Benguela – Angola) deparei-me com um rapazinho, Cássio seu nome, se bem o entendi. Mais claro fora seus olhos voltados para mim por ter nas mãos uma máquina fotográfica. Não se fez de rogado, pediu pra ver a máquina, ser o modelo de algumas fotos. Seu pai veio de supetão e antes mesmo de nos cumprimentarmos disse-me cordialmente: “O Cássio é apaixonado por fotografias…”.

As adversidades enfrentadas por ele no dia-a-dia não são bem percebidas pela pouca idade que tem. Teve sua casa destruída para dar espaço a construção do Banco Nacional de Angola, e sem apoio governamental passou mais da metade de sua vida morando sob uma tenda.

Enquanto seus pais lutam por uma vida mais digna e um futuro melhor para ele, Cássio distrai-se entre tendas, moradores e alguns visitantes. As dificuldades dão espaço a um sonho de criança: ser fotógrafo ou modelo. Talvez suas aspirações mudem com o passar dos anos, o que não pode mudar é seu direito em crescer sob uma casa, com mínimas condições de segurança e saúde.

Muitos são os “Cássios” espalhados por Angola e por todo o mundo. Políticas habitacionais que não os excluam são o primeiro passo para garantir que a fotografia não seja apenas um sonho inócuo.

+ Duas das fotos que tirei no dia 29 de Julho de 2010 das tendas que servem de moradia para cerca de 250 pessoas no bairro 16 de Junho.