terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Pão e Circo Virtual

Cada ano que passa e por que não dizer, cada dia, mais pessoas vêm tendo acesso ao chamado mundo virtual. Apesar da democratização da internet, seu acesso universal estar longe de ocorrer.

Informações, entretenimento, cursos, compras, sexo, comunicação tornaram-se alcançáveis com o chamado: “apenas um clique”.

Mas quem define o que nós consumimos neste jovem mundo virtual? Nos últimos dias resolvi acessar três grandes provedores brasileiros (Globo, UOL e Terra) e observar somente as “principais” notícias. Entre aspas porque considero aqui como principais aquelas que primeiro vemos ou lemos quando entramos no site.

Sei que em minha pesquisa não há um aprofundamento, mas achei interessante falar aqui sobre o que foram as 150 principais manchetes virtuais dos últimos dias.

Pasmem! Esporte é o tema de 32% das manchetes - chegando a 36% no Terra. Aliás este site tem a mesma percentagem se somarmos matérias sobre: política nacional, política internacional, economia, música, cinema e matérias internacionais.

O UOL é o que possui menos matérias esportivas (mesmo assim, consideráveis 28%). É nele também que há mais sobre política internacional (20%), impulsionado pelos atuais conflitos no chamado “mundo árabe”, mais sobre economia (irrisórios 6%) e também: música e cinema (6%). Aliás, foi o UOL que me inspirou a realizar esta pesquisa pois cada vez mais é difícil ter acesso aos jornais e revistas nacionais e internacionais, para os não assinantes, é claro.

O Globo possui incríveis 76% de suas principais manchetes sobre: Esporte, 32%; BBB, 22%; Polícia/Violência, 18%; e, Novelas, 4%. Enquanto matérias sobre política nacional, política internacional e economia totalizam 12%. Aliás uma manchete de destaque de hoje me chamou muita atenção. Era sobre o que o ex-jogador de futebol Ronaldo pensa sobre a Talula do BBB11.

Resta a questão: É o internauta quem define este consumo ou a dinâmica é inversa e somos “forçados” a consumir isto?

Apesar da falta de cientificidade de minha pesquisa, nossas crianças e adolescentes – assíduos usuários da internet, precisam adquirir uma capacidade crítica para notar que o essencial para a grande mídia pode, se assim quiser, ser facilmente descartado de seu cotidiano.

Abaixo o Pão e Circo Virtual!!!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Racismo às avessas

Alguns discursos quando falam em racismo chamam-me bastante atenção. Seja no Brasil ou na Europa, há uma insatisfação, em tratar da questão dos negros: “Racismo é contra uma raça e não especificadamente contra negros”.

Uma afirmação lógica que para mim beira um discurso pronto e bem formulado de uma elite branca com intenções claras de desviar a atenção sobre o que realmente se quer dizer. Incrível foi notar fortemente este discurso em África, especialmente entre os mulatos.

Largando mão dos conceitos, quando falamos em questões de gênero, não pensamos em políticas voltadas aos homens, quando debatemos questões sobre orientação sexual, não pensamos como alguns heterossexuais são discriminados, e é claro quando tratamos de questões raciais, buscamos lidar com políticas inclusivas de grupos raciais excluídos.

O que conta aqui são as dificuldades encontradas por grupos minoritários em obter um status igualitário. Abaixo a hipocrisia! Porque todos sabemos que apesar de haver legislações que contemplem a igualdade racial, na prática, no dia-a-dia os negros esbarram no imaginário coletivo de uma subordinação racial.

Outro discurso que precisa ser combatido é quando falamos em políticas de ação afirmativa que garantam uma maior inserção social aos negros, seja acesso à Universidades, políticas trabalhistas etc. “Isso é causador de mais discriminação, não pode-se acabar com o preconceito com mais preconceito”.

Quando estamos em um sistema que legitima as diferenças, que se alimenta das disparidades entre ricos e pobres, brancos e negros, heteros e gays, homens e mulheres, temos que tratar os desiguais de forma desigual. Por mais incoerente que pareça, neste caso, a “dissemelhança” a curto prazo, nos trará a possibilidade da verdadeira igualdade.