sábado, 5 de novembro de 2011

Artigo: Pessoas deslocadas internamente: da actuação do Estado soberano à intervenção da comunidade internacional



Resumo: A investigação acerca das pessoas deslocadas internamente (isto é, no interior dos seus países,mas fora dos seus espaços de vida habituais) se mostra um desafio, em virtude dos volumes de pessoas actualmente envolvidas e das condições com que se confrontam, da incapacidade (ou desinteresse) dos Estados nacionais em garantir protecção aos seus cidadãos, e do princípio de neutralidade internacional, que dificilmente permite intervenções externas no sentido da salvaguarda dos direitos humanos. Este artigo discute as categorizações adoptadas, as normas jurídicas existentes e o quadro institucional vigente no que se refere à protecção das pessoas deslocadas internamente, faz um paralelo com os refugiados, analisa o conceito de Estado soberano e a noção do não intervencionismo. Argumenta-se a possibilidade de uma esfera pública transnacional como possível mediadora entre Estado e cidadãos.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A Árvore da Vida

Vale a pena conferir “A Árvore da Vida” de Terrence Malick, vencedor de Cannes deste ano. Apesar de alguns planos chatos e repetitivos (principalmente no que diz respeito ao uso da câmera no início do filme) a película destaca-se pela bela fotografia, pelas boas atuações e pela singular proposta de compreensão dos ciclos da vida.



quinta-feira, 14 de abril de 2011

Entre o “povão” e a classe média, FHC anda mesmo pensando nas eleições de 2014



O artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso “O papel da oposição” publicado pela revista Interesse Nacional vem causando rebuliço e saias justas entre membros do PSDB e do antigo PFL, hoje chamado de DEM. Enquanto psdbistas, democratas, jornalistas e alguns cientistas políticos debatem se as intenções do ex-presidente eram ou não eram que a oposição voltasse seus olhos para a classe média em detrimento das classes menos favorecidas, para mim tudo soou como uma estratégia eleitoral antecipada.

Segundo FHC, o PSBD não soube reivindicar para si os êxitos do seu governo, como se o Governo Lula houvesse roubado todos seus feitos, chega até mesmo comparar as suas políticas assistencialistas ao Fome Zero, ironicamente chama Lula de “ o pai dos pobres” quando na verdade o mérito seria do seu governo, e atribui a isso ao silêncio da atual oposição e ao deslumbramento do país e mesmo do mundo. Ou seja, todos de olhos vendados, menos ele e a turma dos 3% que desaprovavam o antigo Governo.

Uma espécie de aceitação sem protesto do “modo lulista de governar” teria sido criada por um sistema de corrupção que atingiu congressistas seja da situação ou da oposição. O ex-presidente critica também a descentralização do poder para as prefeituras municipais. Minimiza o resultado das políticas do antigo Governo e diz que os empregos gerados pelo Governo Lula são resultado do dinamismo da economia internacional e das políticas de expansão do mercado interno. Diz ainda que há indiferença da sociedade frente às práticas clientelísticas e corruptoras do antigo Governo.

Chega-se à questão chave da polémica do artigo. Os seus argumentos que pretendem ser racionais, pareceu-me num primeiro momento uma espécie de mágoa, FHC propõe que a oposição atue não para o que ele denomina “povão”, mas sim para a classe média, que hoje estaria maior, com mais poder de compra, de influência e de acesso aos meios de comunicação e também por vezes o artigo parecia-me voltado ao marketing político onde lança dados que para ele seriam essenciais ao retorno da oposição ao poder depois de 12 anos.

Entretanto em uma leitura mais atenta pude perceber que tudo isso era pano de fundo para suas reais intenções em escrever este artigo. Com certeza em época de eleições FHC não virá com essa conversa de esqueçam o “povão”, o sua atual estratagema é fazer a classe média pensar que a oposição está do seu lado cabendo à ela através das novas tecnologias que passaram a ter acesso (como cita no fim do seu artigo: “…de seus blogs, twitters, redes sociais, da mídia…”) criar uma forte oposição ao Governo Dilma, enfraquecendo-o desde já, criando redes de enfrentamento, solidificando retóricas oposicionistas, buscando impedir a quarta derrota seguida do PSDB nas presidenciais de 2014.


segunda-feira, 14 de março de 2011

Biutiful



Dizer que Biutiful (2010) é uma história densa e com cenas fortes e que prima pela atuação de Javier Bardem faria repisar em tantas críticas recebidas pelo filme. A obra de Iñárritu é muito mais que isso. Com núcleos bem amarrados nos transporta à fragilidade das relações sociais, sejam familiares, de amizade ou no trabalho. Iñárritu deixa de lado uma tendência estadunidense e européia em tratar questões como o tráfico de pessoas e a imigração ilegal como apenas um pano de fundo e mergulha neste universo.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Pão e Circo Virtual

Cada ano que passa e por que não dizer, cada dia, mais pessoas vêm tendo acesso ao chamado mundo virtual. Apesar da democratização da internet, seu acesso universal estar longe de ocorrer.

Informações, entretenimento, cursos, compras, sexo, comunicação tornaram-se alcançáveis com o chamado: “apenas um clique”.

Mas quem define o que nós consumimos neste jovem mundo virtual? Nos últimos dias resolvi acessar três grandes provedores brasileiros (Globo, UOL e Terra) e observar somente as “principais” notícias. Entre aspas porque considero aqui como principais aquelas que primeiro vemos ou lemos quando entramos no site.

Sei que em minha pesquisa não há um aprofundamento, mas achei interessante falar aqui sobre o que foram as 150 principais manchetes virtuais dos últimos dias.

Pasmem! Esporte é o tema de 32% das manchetes - chegando a 36% no Terra. Aliás este site tem a mesma percentagem se somarmos matérias sobre: política nacional, política internacional, economia, música, cinema e matérias internacionais.

O UOL é o que possui menos matérias esportivas (mesmo assim, consideráveis 28%). É nele também que há mais sobre política internacional (20%), impulsionado pelos atuais conflitos no chamado “mundo árabe”, mais sobre economia (irrisórios 6%) e também: música e cinema (6%). Aliás, foi o UOL que me inspirou a realizar esta pesquisa pois cada vez mais é difícil ter acesso aos jornais e revistas nacionais e internacionais, para os não assinantes, é claro.

O Globo possui incríveis 76% de suas principais manchetes sobre: Esporte, 32%; BBB, 22%; Polícia/Violência, 18%; e, Novelas, 4%. Enquanto matérias sobre política nacional, política internacional e economia totalizam 12%. Aliás uma manchete de destaque de hoje me chamou muita atenção. Era sobre o que o ex-jogador de futebol Ronaldo pensa sobre a Talula do BBB11.

Resta a questão: É o internauta quem define este consumo ou a dinâmica é inversa e somos “forçados” a consumir isto?

Apesar da falta de cientificidade de minha pesquisa, nossas crianças e adolescentes – assíduos usuários da internet, precisam adquirir uma capacidade crítica para notar que o essencial para a grande mídia pode, se assim quiser, ser facilmente descartado de seu cotidiano.

Abaixo o Pão e Circo Virtual!!!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Racismo às avessas

Alguns discursos quando falam em racismo chamam-me bastante atenção. Seja no Brasil ou na Europa, há uma insatisfação, em tratar da questão dos negros: “Racismo é contra uma raça e não especificadamente contra negros”.

Uma afirmação lógica que para mim beira um discurso pronto e bem formulado de uma elite branca com intenções claras de desviar a atenção sobre o que realmente se quer dizer. Incrível foi notar fortemente este discurso em África, especialmente entre os mulatos.

Largando mão dos conceitos, quando falamos em questões de gênero, não pensamos em políticas voltadas aos homens, quando debatemos questões sobre orientação sexual, não pensamos como alguns heterossexuais são discriminados, e é claro quando tratamos de questões raciais, buscamos lidar com políticas inclusivas de grupos raciais excluídos.

O que conta aqui são as dificuldades encontradas por grupos minoritários em obter um status igualitário. Abaixo a hipocrisia! Porque todos sabemos que apesar de haver legislações que contemplem a igualdade racial, na prática, no dia-a-dia os negros esbarram no imaginário coletivo de uma subordinação racial.

Outro discurso que precisa ser combatido é quando falamos em políticas de ação afirmativa que garantam uma maior inserção social aos negros, seja acesso à Universidades, políticas trabalhistas etc. “Isso é causador de mais discriminação, não pode-se acabar com o preconceito com mais preconceito”.

Quando estamos em um sistema que legitima as diferenças, que se alimenta das disparidades entre ricos e pobres, brancos e negros, heteros e gays, homens e mulheres, temos que tratar os desiguais de forma desigual. Por mais incoerente que pareça, neste caso, a “dissemelhança” a curto prazo, nos trará a possibilidade da verdadeira igualdade.