sábado, 24 de fevereiro de 2007

INDICAÇÕES

CINEMA: Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine), 2006. De Jonathan Dayton e Valerie Faris.

Com quatro indicações ao Oscar, incluindo melhor filme, e com destaques pra as atuações de Abigail Breslin e Alan Arkin, Pequena Miss Sunshine mostra que com pouco dinheiro e grandes idéias pode-se ter ótimos resultados. De forma sutil traça-se um olhar crítico sobre a sociedade atual. Família, valores, superficialidade, aparências, são questões que podem ser debatidas tendo como pano de fundo este filme.


LIERATURA: Sociologia do Comércio (Obras fundamentais da Cultura Portuguesa – Coleção Antologia). De Fernando Pessoa.

Pensador, crítico e poeta, Fernando Pessoa demonstra de forma lúcida e clara seu respeito à liberdade coletiva e ao mesmo tempo a individualidade humana. A obra Sociologia do Comércio, que já quase completa um século, mostra que Pessoa foi pioneiro em discursos e reflexões sobre temas atuais como globalização e marketing.
“Nós (comerciantes) é que devemos pensar como eles (público): o que temos que ver é como é que eles pensam, e não como é que nos seria agradável ou conveniente que eles pensassem” p.37.

Impunidade ou Justiça


Um país em estado de choque. O Brasil já não é o mesmo, ou não deveria ser, depois do brutal assassinato de mais uma criança, de mais um inocente

A polêmica, o medo, a possibilidade de um caos social, a pressão da mídia e da sociedade civil organizada, está levando não só o Congresso Nacional como governadores, líderes políticos e sociais, a questionar e discutir a questão da maioridade penal.

Essa “pseudo” mobilização acaba mascarando questões que devem urgentemente ser debatidas e tratadas com devido respeito e importância.

Um dos países de pior distribuição de renda do mundo, a miséria e a fome caminham ao lado do desperdício, do consumismo e da valorização das aparências. O contraste é humilhante para quem tem e quem não tem.

A criação de políticas públicas educacionais, esportivas e culturais é um grande passo para a redução desse abismo. A inclusão social dos marginalizados do atual sistema político-econômico refletiria em um futuro com mais esperança e justiça, mais conhecimento para reivindicação de direitos, e menos violência.

É obvio que a impunidade não pode ser regra e que “menores de idade” devem responder por seus atos e serem punidos por uma legislação austera e rigorosa, mas não se pode esquecer a profundidade da questão. Passeatas, discursos, são essenciais em um momento em que toda sociedade está revoltada, mas não podemos perder a oportunidade de levantar outras bandeiras, reforçar outras lutas, todas elas com o mesmo ideal: justiça e igualdade.


Normal X Patológico

Émile Durkheim (1858-1917), um dos grandes teóricos da Sociologia, acreditava que esta deveria não apenas explicar a sociedade como buscar soluções para a vida social.

Para ele, a sociedade apresentaria estados saudáveis e doentios. O crime seria normal já que é encontrado em toda e qualquer sociedade e em todos os tempos, e ainda a integra para punir este comportamento.

Porém, o crime se transforma em uma patologia quando ultrapassa os valores e as condutas aceitas pela maior parte das pessoas. Conclui-se então que o assassinato de uma criança com requintes de crueldade extrapola os limites permitidos pela atual ordem moral e social.