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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Pão e Circo Virtual

Cada ano que passa e por que não dizer, cada dia, mais pessoas vêm tendo acesso ao chamado mundo virtual. Apesar da democratização da internet, seu acesso universal estar longe de ocorrer.

Informações, entretenimento, cursos, compras, sexo, comunicação tornaram-se alcançáveis com o chamado: “apenas um clique”.

Mas quem define o que nós consumimos neste jovem mundo virtual? Nos últimos dias resolvi acessar três grandes provedores brasileiros (Globo, UOL e Terra) e observar somente as “principais” notícias. Entre aspas porque considero aqui como principais aquelas que primeiro vemos ou lemos quando entramos no site.

Sei que em minha pesquisa não há um aprofundamento, mas achei interessante falar aqui sobre o que foram as 150 principais manchetes virtuais dos últimos dias.

Pasmem! Esporte é o tema de 32% das manchetes - chegando a 36% no Terra. Aliás este site tem a mesma percentagem se somarmos matérias sobre: política nacional, política internacional, economia, música, cinema e matérias internacionais.

O UOL é o que possui menos matérias esportivas (mesmo assim, consideráveis 28%). É nele também que há mais sobre política internacional (20%), impulsionado pelos atuais conflitos no chamado “mundo árabe”, mais sobre economia (irrisórios 6%) e também: música e cinema (6%). Aliás, foi o UOL que me inspirou a realizar esta pesquisa pois cada vez mais é difícil ter acesso aos jornais e revistas nacionais e internacionais, para os não assinantes, é claro.

O Globo possui incríveis 76% de suas principais manchetes sobre: Esporte, 32%; BBB, 22%; Polícia/Violência, 18%; e, Novelas, 4%. Enquanto matérias sobre política nacional, política internacional e economia totalizam 12%. Aliás uma manchete de destaque de hoje me chamou muita atenção. Era sobre o que o ex-jogador de futebol Ronaldo pensa sobre a Talula do BBB11.

Resta a questão: É o internauta quem define este consumo ou a dinâmica é inversa e somos “forçados” a consumir isto?

Apesar da falta de cientificidade de minha pesquisa, nossas crianças e adolescentes – assíduos usuários da internet, precisam adquirir uma capacidade crítica para notar que o essencial para a grande mídia pode, se assim quiser, ser facilmente descartado de seu cotidiano.

Abaixo o Pão e Circo Virtual!!!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Lula, Noblat e o Aposentado

Segue abaixo a resposta do aposentado mineiro Carlos Torres Moura ao artigo de Ricardo Noblat - colunista do "O Globo", intitulado: "Popular sim. Grande Não!", onde sugere que Lula não será mais popular em pouco tempo, menospreza o legado dos seus oito anos de governo, e edita frases ditas pelo Presidente, com uma nítida intenção: o segundo turno das eleições presidenciais.


Noblat

Quem é você para decidir pelo Brasil (e pela História) quem é grande ou quem deixa de ser?Quem lhe deu a procuração? O Globo? A Veja? O Estadão? A Folha?

Apresento-me: sou um brasileiro. Não sou do PT, nunca fui. Isso ajuda, porque do contrário você me desclassificaria, jogando-me na lata de lixo como uma bolinha de papel. Sou de sua geração. Nossa diferença é que minha educação formal foi pífia, a sua acadêmica. Não pude sequer estudar num dos melhores colégios secundários que o Brasil tinha na época (o Colégio de Cataguases, MG, onde eu morava) porque era só para ricos. Nas cidades pequenas, no início dos sessenta, sequer existiam colégios públicos. Frequentar uma universidade, como a Católica de
Pernambuco em que você se formou, nem utopia era, era um delírio.

Informo só para deixar claro que entre nós existe uma pedra no meio do caminho. Minha origem é tipicamente ?brasileira?, da gente cabralina que nasceu falando empedrado. A sua não. Isto não nos torna piores ou melhores do que ninguém, só nos faz diferentes. A mesma diferença que tem Luis Inácio em relação ao patriciado de anel, abotoadura & mestrado. Patronato que tomou conta da loja desde a época imperial.

O que você e uma vasta geração de serviçais jornalísticos passaram oito anos sem sequer tentar entender é que Lula não pertence à ortodoxia política. Foi o mesmo erro que a esquerda cometeu quando ele apareceu como líder sindical. Vamos dizer que esta equipe furiosa, sustentada por
quatro famílias que formam o oligopólio da informação no eixo Rio-S.Paulo ? uma delas, a do Globo, controlando também a maior rede de TV do país ? não esteja movida pelo rancor. Coisa natural quando um feudo começa a dividir com o resto da nação as malas repletas de cédulas alopradas que a União lhe entrega em forma de publicidade. Daí a ira natural, pois aqui em Minas se diz que homem só briga por duas coisas: barra de saia ou barra de ouro.

O que me espanta é que, movidos pela repulsa, tenham deixado de perceber que o brasileiro não é dançarino de valsa, é passista de samba. O patuá que vocês querem enfiar em Lula é o do negrinho do pastoreio, obrigado a abaixar a cabeça quando ameaçado pelo relho. O sotaque que vocês gostam é o nhém-nhém-nhém grã-fino de FHC, o da simulação, da dissimulação, da bata paramentada por láureas universitárias. Não importa se o conteúdo é grosseiro, inoportuno ou hipócrita (?esqueçam o que eu escrevi?, ?tenho um pé na senzala? ?o resultado foi um trabalho de Deus?). O que vale é a forma, o estilo envernizado.

As pessoas com quem converso não falam assim ? falam como Lula. Elas também xingam quando são injustiçadas. Elas gritam quando não são ouvidas, esperneiam quando querem lhe tapar a boca. A uma imprensa desacostumada ao direito de resposta e viciada em montar manchetes
falsas e armações ilimitadas (seu jornal chegou ao ponto de, há poucos dias, ?manchetar? a ?queda? de Dilma nas pesquisas, quando ela saiu do primeiro turno com 47% e já entrou no segundo com 53 ) ficou impossível falar com candura. Ao operário no poder vocês exigem a ?liturgia? do cargo. Ao togado basta o cinismo.

Se houve erro nas falas de Lula isto não o faz menor, como você disse, imitando o Aécio. Gritos apaixonados durante uma disputa sórdida não diminuem a importância histórica de um governo que fez a maior revolução social de nossa História. E ainda querem que, no final de mandato, o
presidente aguente calado a campanha eleitoral mais baixa, desqualificada e mesquinha desde que Collor levou a ex-mulher de Lula à TV.

Sordidez que foi iniciada por um vendaval apócrifo de ultrajes contra Dilma na internet, seguida das subterrâneas ações de Índio da Costa junto a igrejas e da covarde declaração de Monica Serra sobre a ?matança de criancinhas?, enfiando o manto de Herodes em Dilma. Esse cambapé de uma candidata a primeira dama ? que teve o desplante de viajar ao seu país paramentada de beata de procissão, carregando uma réplica da padroeira só para explorar o drama dos mineiros chilenos no horário eleitoral ? passou em branco nos editoriais. Ela é ?acadêmica?.

A esta senhora e ao seu marido você deveria também exigir ?caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade?.

Você não vai ?decidir? que Lula ficou menor, não. A História não está sendo mais escrita só por essa súcia de jornais e televisões à qual você pertence. Há centenas de pessoas que, de graça, sem soldos de marinhos, mesquitas, frias ou civitas, estão mostrando ao país o outro lado, a face oculta da lua. Se não houvesse a democracia da internet vocês continuariam ladrando sozinhos nas terras brasileiras, segurando nas rédeas o medo e o silêncio dos carneiros.

Carlos Torres Moura

Além Paraíba-MG

quinta-feira, 22 de julho de 2010

"NÃO PARTAM A MINHA CASA" - Conferência Contra as Demolições e Desalojamentos Forçados - Benguela, Angola - 29 a 31 de Julho de 2010


O direito à habitação, como ressaltam vários instrumentos internacionais, não se restringe apenas à presença de um abrigo, ou um teto, mas engloba uma concepção mais ampla. Este direito se estende a todos e, assim, toda a sociedade e cada um de seus membros têm de ter acesso a uma habitação provida de infra-estrutura básica e outras facilidades, ou seja, acesso a uma habitação adequada.

Embora se reafirme a importância do total respeito ao direito à habitação adequada, observa-se, em grande parte das nações, uma grande indiferença em relação a esse direito. As Nações Unidas estimam que mais de um bilhão de pessoas vivem em habitações inadequadas e mais de cem milhões não possuem moradia, em todo o mundo.

Vários movimentos da sociedade civil em Angola, tais como Declaração de Benguela de 20 de Agosto de 2009, III Conferência Nacional da Sociedade Civil de Novembro de 2009, as Marchas pretendidas pela Associação OMUNGA, a Rede de Solidariedade contra as Demolições no Lubango, têm condenado a forma brutal como as autoridades do país levam a cabo o desalojamento de pessoas, que alegadamente ocupam zonas consideradas reservas do Estado.

Para dar uma ideia da gravidade da situação, de 26-31 de Julho de 2009, no espaço de apenas uma semana, o Governo Provincial de Luanda demoliu cerca de 3000 casas nos bairros Iraque e Bagdade, no município do Kilamba Kiaxi, por ocupação anárquica e ilegal dos terrenos, deixando ao relento cerca de 15 mil pessoas.

Um caso análogo ao acima exposto ocorreu em Março de 2010, em que no espaço de duas semanas cerca de 2.500 famílias ficaram desalojadas em decorrência da avassaladora onda de demolições de residências na cidade do Lubango. As referidas demolições foram levadas a cabo pelo Governo da Província da Huíla em conformidade com o denominado plano de Operação de Combate e Demolições de Casebres e Construções Anárquicas.

A resolução 37/09 de 03 de Setembro da Assembleia Nacional orienta a criação de condições mínimas e aceitáveis para o realojamento de cidadãos afectados e com o diálogo e envolvimento dos mesmos nas condições de alojamento; aos 04 de Abril de 2010, em alusão ao Dia da Paz; o Ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa em representação do Presidente da Republica pediu desculpas vitimas das demolições no Lubango; o Governo aceitou as recomendações 130 a 139 no quadro 7º sessão do conselho de direitos humanos no mecanismo de revisão periódica universal (RPU). Todos estes sinais surgem em resposta às manifestações da sociedade civil angolana mas ainda não são suficientes para garantir o fim desta onda de demolições e desalojamentos forçados levados a cabo pelo Governo, por não haver um quadro jurídico concreto que assegure esta situação e os interesses económicos individuais ainda sobrepõem-se aos interesses públicos e colectivos.
Fonte: http://quintasdedebate.blogspot.com/2010/07/participa-e-divulga-nao-partam-minha.html

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Indio para vice!

Muitas especulações marcaram as idas e vindas de possíveis nomes para a candidatura para vice-presidente da Coligação PSDB/DEM. Informações vazadas inclusive por um parceiro de Serra para as próximas eleições, o muito conhecido presidente do PTB Roberto Jefferson, fizeram criar um clima de animosidade entre os aliados. O antigo PFL não quis abrir mão desta vez de pleitear o cargo de vice-presidente e sem um nome de muito peso nos grandes colégios eleitorais brasileiros acabou por indicar o deputado Indio da Costa. Desconhecido até mesmo pelo próprio companheiro de chapa, o jovem deputado sustenta algumas ideias polêmicas, como a pena de morte para narcotraficantes e a proibição da venda de algumas guloseimas nas cantinas das escolas.

Por uma falta óbvia de constitucionalidade, um dos seus projectos acabou “arquivado”. Indio era a favor que se multasse a quem desse esmolas a pedintes nas ruas do Rio de Janeiro. Talvez por falta de muitas habilidades em conduzir políticas internacionais, foi contra a ajuda dada pelo Brasil ao Haiti – ainda antes do grande terremoto, e indo ao encontro de um projeto de Serra em São Paulo que mandou retirar os bancos dos pontos de ônibus que pudessem servir de cama a mendigos, quis proibir no RJ o comércio ambulante, talvez com a mesma intenção do psdbista: esconder as desigualdades e problemas sociais dos olhos de turistas, mídia e dos brasileiros mais abastados.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

José Saramago - 16 de Novembro de 1922 / 18 de Junho de 2010

Foi… Como deveria ser… A lei natural…
Talvez depara-se com surpresas, o ateu indomável.
Deixou para trás um legado de idéias, pensamentos, palavras que a muitos fez refletir. Inclusive a mim, leitor e apreciador.
Resta-nos a leitura dos livros que ainda não lemos e é claro as emoções, sensações e perturbações deixadas neles.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Compra de um veículo X Emissão de gases poluentes

Na hora da compra de um automóvel, dentre os mais de 400 carros produzidos no Brasil, o grau de emissão de gases poluentes pode ser um bom parâmetro para a escolha. Em lista divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente, Citroën e Peugeot destacam-se por poluírem mais, enquanto General Motors e FIAT por estarem mais atentos às questões ambientais.

Segue a lista dos mais poluentes:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u660085.shtml

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Qual é o lugar da mulher?

As mulheres, assim como outras “minorias” em nossa sociedade, vêm chamando a atenção, não apenas para os direitos e inclusão conquistados, mas principalmente pelos ainda por vir.

Na semana passada, ganhou grande repercussão internacional, a escassez de candidatas para ocupar os dois cargos mais altos da União Europeia. “O poder estaria nas mãos dos homens, que o dividiriam entre si”. Esta indignação das eurodeputadas me fez lembrar o curto tempo em que prestei serviços para a Caixa Econômica Federal há alguns anos atrás. Os rumores nos corredores eram sobre as dificuldades criadas pelo “Clube do Bolinha” à promoção das mulheres ao cargo de gerente geral das agências do Espírito Santo. As redes “silenciosas” criadas pelos homens cria inconvenientes às mulheres, que normalmente precisam ser muito mais qualificadas para ascenderem profissionalmente.

Esta semana a visita do presidente iraniano Amadinejah, gerou forte protesto no Brasil sobre o lugar dos homossexuais e mulheres na sociedade iraniana. Ao contrário do preconceito no mundo ocidental, já que aqui a “liberdade” impera e a discriminação não deve ser velada, lá, a injustiça é explícita, típica falta de liberdade de regimes ditatoriais.


"Sementes de romã douradas"

No fim do mês passado foi exibido pela Al-Fajer TV, a cadeia de televisão de Tulkarem, norte da Cisjordânia, um documentário de 15 minutos, intitulado "Sementes de romã douradas", dedicado ao tabu do incesto com a pretensão de suscitar o debate sobre o lugar da mulher na sociedade. A grande maioria da violência sofrida pelas mulheres ocorre dentro de suas casas, e a repressão às mulheres na Cisjordânia as impede de denunciar. Após a exibição do filme aumentou sensivelmente as denúncias contra os abusos, resta saber se serão devidamente apuradas e julgadas.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Mataram a irmã Dorothy

A vida e morte da estadunidense naturalizada brasileira Dorothy Stang, são retratadas no documentário "Mataram a irmã Dorothy" de Daniel Junge, que estréia hoje nos cinemas brasileiros.

A freira Dorothy Stang, de 73 anos, foi assassinada em Fevereiro de 2005 no Pará onde apoiava projetos, como o Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS), que prevê o assentamento de famílias em terras da Amazônia destinadas pelo governo federal, conciliando a utilização reduzida da floresta e a agricultura familiar. Suas acusações contra a grilagem das terras destinadas ao projeto custaram-lhe a vida.

O documentário é de 2008, não abarcando os últimos acontecimentos do início deste mês, onde o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do crime entregou-se a polícia.


quinta-feira, 12 de março de 2009

O Sudão no "Pé na África"

A região do Darfur, no Sudão, é uma das zonas em que mais se constata desrespeito aos direitos humanos. As perseguições e assassinatos correntes no país geraram o maior número de deslocados internos no mundo. Pessoas desenraizadas às pressas, que perdem além de suas casas e terras, suas famílias e redes sociais construídas ao longo de suas vidas.

Duas questões recentes chamaram a atenção do jornalista Fábio Zanini em seu blog Pé na África. O indiciamento do presidente sudanês Omar al-Bashir por crimes contra a humanidade, pelo Tribunal Penal Internacional; e, sua reação: a expulsão de 13 ONGs que prestam assistência humanitária na região. Destaco também seu artigo anterior onde discute as relações entre o Sudão e o Brasil. Zanini percebe que interesses econômicos nacionais possam estar por trás da postura neutra do Brasil frente aos milhões de sudanenes que vêem talvez como única esperança a pressão da comunidade internacional, especialmente aqueles países que mantém relações econômicas e políticas com o Sudão, na solução de seus problemas.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Le Monde Diplomatique Brasil

O Le Monde Diplomatique Brasil (http://diplo.uol.com.br/) deste mês trouxe a discussão de questões bastante relevantes na atualidade. Dentre elas, debateu a possibilidade da institucionalização de uma nova corporação policial com a unificação das polícias militar e civil para que seus valores não mais colidam; repensou o sistema sócio-político cubano aspirando uma democracia participativa; denunciou os esquemas “obscuros” da CIA (Central Intelligence Agency); destacou a importância do IX Fórum Social Mundial* ocorrer em Belém (PA) onde pretende-se dialogar a defesa da natureza, os direitos dos povos indígenas, e questões relacionadas a energia, a terra, infra-estrutura e militarização; destaca-se também nesta edição o papel das remessas de imigrantes para seus países de origem. A função desempenhada por instituições financeiras e seus interesses, a dependência externa de alguns países que poderia ser substituída por investimentos que gerariam emprego e renda, além dos possíveis impactos da atual crise financeira para as remessas.


*O IX FSM ocorrerá entre os dias 27/01 e 01/02. http://www.forumsocialmundial.org.br/

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

E se Obama fosse africano?

Muitas de minhas postagens aqui no blog fazem referência às políticas imperialistas estadunidenses e a atual política internacional legitimadora de seu capitalismo e processo de globalização que exclui e corrompe. Porém, verdade seja dita, sua democracia pode nos gerar surpresas como a eleição de seu primeiro presidente negro.

Segue abaixo um artigo de Mia Couto publicado no Jornal Savana no último dia 14, que observa as ditaduras africanas como um impecilho da chegada ao poder dos "Obamas" africanos.

E se Obama fosse africano?
Por Mia Couto

Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.

Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.

Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.

Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: "E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto.

E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?

1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.

2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.

3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.

4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).

5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas – tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.

6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores.

Inconclusivas conclusões

Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.

Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.

A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.

Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.

No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.

Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Eventos

Semana da Consciência Negra

Onde?
Sede do Núcleo de Consciência Negra da USP - Avenida Prof. Lúcio Martins Rodrigues, Travessa 4, bloco 3, na Cidade Universitária (em frente à Escola de Comunicações e Artes).

Quando?
17, 18 e 19 de novembro.

O quê acontece?
Projeto "Treme Terra", desenvolvido pelo Movimento Jovem Consciente, do Morro do Querosene, no Butantã. O projeto visa integrar os jovens cidadãos do Morro e das imediações ao convívio comunitário e promover seu desenvolvimento educacional, cultural e social;
Mesa de Artes Plásticas "O Negro nas Artes Plásticas" com Daniel Lima;
Mesa de Lieratura com Ligia Ferreira Fonseca e Raquel Trindade, filha de Solano Trindade;
Mesa de Teatro.

Informações: http://onegropormeiodasartes.blogspot.com/; http://www.revistaforum.com.br/


VIII Congresso Internacional do CPR - Refugiados: Cidadãos do Mundo

Onde?
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa

Quando?
26 e 27 de novembro

O quê acontece?
I PAINEL – Refugiados, cidadãos do Mundo;
II PAINEL – Os desafios da protecção internacional;
III PAINEL – Propostas para a integração dos refugiados e grupos vulneráveis;
IV PAINEL – A ética jornalística na abordagem da problemática dos refugiados.

Informações: http://www.cpr.pt/

domingo, 9 de novembro de 2008

Reforma das Instituições

Após a reunião do G20 financeiro neste último fim-de-semana em São Paulo, a proposta que parece ter sido melhor aceita foi de uma ampla reforma nas Instituições financeiras internacionais. Seria como uma flexibilidade a complexidade das relações sociais emergentes.

O presidente Lula diz que esta reformulação institucional pode também ser incrementada com a criação de novas instituições. O subsecretário de assuntos internacionais do Tesouro Americano, David McCormick, acredita que a solução para a atual crise passa pela reformulação do G20 e do FMI entre outros órgãos multilaterais. Porém o Brasil deixou claro que isso seria improvável sem um crescimento da participação dos países em desenvolvimento.

O que pode-se colocar agora sobre a “mesa” é como na prática isso configuraria mudanças? Será que apenas mutações nas regras institucionais seriam capazes de reverter uma crise desse patamar?

Portes e Smith (2008) através de um inédito estudo camparativo sistemático de instituições reais e sua relação com o desenvolvimento nacional, buscam perceber a relevância de cada instituição no desenvolvimento. Para eles o conceito de instituição já muito discutido pela Sociologia e pela Antropologia Social vem sendo evidenciado pela Economia, dominada pelo paradigma neoliberal. O resultado tem sido numerosas tipologias ad hoc que vem gerando confusão pela multiplicidade dos elementos da vida social e suas interações.


Referências:

Portes, A.Institutions and Development: A Conceptual Re-Analysis, 2006.
Portes, A. Migration and Social Change: Some Conceptual Reflections, 2008.
Portes, A; Smith, L. Institutions and Development in Latin America: A Comparative Analysis, 2008.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u465879.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u465822.shtml

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Marketing pessoal

Muitas pessoas fazem de tudo para aparecer e se manter na mídia. A necessidade constante pelos holofotes pode ter diversas razões: poder; dinheiro; fama; status; ego; estratégia política ou comercial.

Recentemente a cantora Britney Spears resolveu numa “crise de loucura” raspar o cabelo e se internar voluntariamente numa clínica de desintoxicação. O resultado foi a volta as paradas de sucesso e os recentes prémios do V.M.A.


Atualmente seu conterrâneo e candidato presidencial  John McCain resolveu “suspender” sua campanha eleitoral para assim poder contribuir melhor no combate a crise financeira estadunidense. O resultado almejado pelo presidenciável poderá ou não ser percebido nas próximas pesquisas eleitorais.


sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Ciganofobia

Os ciganos vêm sofrendo uma perseguição como um grupo minoritário já a muitos séculos. O objetivo é fazê-los desaparecer. Contudo, vêm mostrando nesta história de perseguição sua capacidade de lidar com as mais diversas e cruéis formas da chamada “ciganofobia”, por vezes através do fortalecimento de suas tradições, costumes e comportamentos.

“Podemos imaginar que, ao longo da história, uma nova representação da minoria produz novas estratégias para a converter, cujo fracasso produz novas representações, e assim por diante… as estratégias de conversão da maioria reforçam a tendência para a autonomia e a identidade para a minoria…” (MOSCOVICI e PÉREZ, p.111).

Nunes (1996) destaca o fato de se tratar de um povo sem história documentada, caracterizados pela tradição oral, as designações regionais ou nacionais não conduzem a uma realidade definitiva, e o estereótipo criado por lendas populares e reforçado pelo cinema e por reportagens dos jornais, dificultam a compreensão desta minoria além de reforçarem o preconceito e desestabilizam processos de integração social.

Em matéria publicada ontem no Le Monde, o filantropo e especialista em finanças que dirige a Open Society Fundation George Soros, apela a União Européia (governos, sociedade civil, ONGs, empresas, partidos políticos etc.) a garantia do fim da intolerância e do ostracismo contra os ciganos. Soros lembra as recentes perseguições aos ciganos na Itália, onde tiveram acampamentos atacados e distruídos em Ponticelli, além da adoção da lei que autoriza colher as suas impressões digitais.

Link: http://www.lemonde.fr/archives/article/2008/09/18/l-europe-doit-combattre-l-ostracisme-contre-les-roms-par-george-soros_1096736_0.html

Referências:
MOSCOVICI, Serge; PÉREZ, Juan António. A Extraordinária resistência das Minorias à pressão das Maiorias: o caso dos ciganos em Espanha. In: Novos Racismos .
NUNES, Olímpio. O Povo Cigano. Lisboa: Edição do autor/Pastoral dos Cianos, 1996.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Doação de órgãos X Religião

Em matéria publicada no "La Vanguardia" na última quinta-feira foi levantada a polêmica da doação de órgãos com um inesperado ingrediente: a intolerância religiosa. O radical grupo político-religioso dominante no Egito pretende impedir no país o transplante de órgãos entre mulçumanos e cristãos.

A decisão além de ir contra os Direitos Humanos universalmente aceitos, inclusive pelo Egito, pode gerar mais animosidades entre os grupos religiosos do país.

Acesso em: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lavanguardia/2008/08/21/ult2684u467.jhtm

terça-feira, 1 de julho de 2008

Guerra do Petróleo

Para quem ainda acreditava nas intenções humanitáras estadunidenses e britânicas na invasão do Iraque, pode ter se decepcionado com o anúncio da inédita abertura de licitações para países estrangeiros da exploração dos maiores compos petrólíferos iraquianos. Ganha pontos quem previa o propósito econômico do conflito.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Revistas

Em uma Nação em que a corrupção se torna corriqueira, que acaba sendo banalizada e transformada em algo normal e inevitável, se torna relevante destacar o papel de algumas revistas capazes de expor fatos e acontecimentos sem se vender, mesmo que suas ideologias sejam expostas. Elas vão de encontro à atual escassez de conteúdo que acrescente algo de útil aos leitores nos aspectos: cultural, político e filosófico.






segunda-feira, 21 de maio de 2007

CURTAS

Cecília Sarkozi, esposa do presidente eleito da França Nicolas Sarkozi não votou nas últimas eleições. Na França as listas de votação são públicas podendo ser comprovado sua ausência às urnas.
Muito mais preocupante que os problemas familiares, foi a forma que Sarkozi tentou censurar os meios de comunicação, já que os donos das principais redes de televisão francesas são seus amigos.

O Presidente da Venezuela Hugo Chávez tomou a decisão mais impopular de seu governo. Não renovou a licença de transmissão da RCTV, única rede de TV de alcance nacional em VHF, de clara oposição ao governo.
O governo se justifica criando a Fundação Teves (mais uma TV de serviço público) no espaço deixado pela RCTV.

Parece que a falta de liberdade de expressão não escolhe nação nem ideologias.

Pesquisadores estadunidenses e ingleses prevêem que em cinco anos já esteja no mercado a pílula anticoncepcional masculina. As mulheres aguardam ansiosas.

O corredor sul-africano Oscar Pistorius quer ser o primeiro homem sem as duas pernas a competir nas Olimpíadas. Seus índices ainda não o qualifica, mas Pistorius lembra que ainda faltam 15 meses para as Olimpíadas de Pequim e que vem melhorando a cada competição.
Entretanto vem enfrentando resistência do órgão mundial que controla o atletismo, que alega que suas próteses (apesar de terem tamanho proporcional ao seu corpo) lhe confeririam uma VANTAGEM INJUSTA sobre os outros corredores. Será???