segunda-feira, 16 de julho de 2007

E o Pan, vale a pena?

O esporte é uma das maneiras mais eficientes na inclusão social dos marginalizados. Ele traz a esperança e transforma a vida dos esportistas, de suas famílias e comunidades. O esporte é muito mais que lazer e saúde, ele é uma das formas mais eficazes de transformar uma sociedade, disputando ferozmente a vida de meninos e meninas, homens e mulheres, com o crime organizado, o tráfico de drogas, a prostituição...

O Pan do Brasil seria uma forma de impulsionar esse processo, mas o que se vê são: troca de favores; desperdício; interesse em projeção internacional etc.

O primeiro medalhista dourado do Brasil neste Pan, o lutador Diogo Silva desabafou na coletiva de imprensa. A Confederação Brasileira de Taekwondo paga a ele 600 reais por mês, normalmente com três meses de atraso. Na véspera do Pan, os pagamentos ficaram em dia.Enquanto isso os gastos do Governo chegam a quase 3 bilhões de reais, uma cifra assustadora em um país que atrasa 600 reais a um dos principais atletas de sua modalidade.

A candidatura brasileira para sediar o Pan venceu a estadunidense com um plano que não foi cumprido. A despoluição da lagoa Rodrigo de Freitas e da baia de Guanabara, bem como uma nova linha de metrô ligando o centro ao Engenhão não foram realizados. Os gastos públicos que seriam em torno de 700 milhões, foram ascendendo cada vez mais, já que a iniciativa privada não cumpriu sua parte. A imagem do país que pretende sediar a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 não pode ficar desgastada, e o Governo bancou.

E a mídia nacional não noticia, principalmente a televisão aberta. As emissoras compram os direitos dos jogos e preferem ignorar os relatórios do Tribunal de Contas da União indicando estouro de orçamento e atraso em obras.

Ignoram também os escândalos envolvendo troca de favores e licitações. O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro é Carlos Arthur Nuzman. A figurinista da equipe olímpica brasileira é Mônica Conceição, sua cunhada. A agência de turismo que presta serviços ao COB é de Cristina Lowndes, amiga de Nuzman, que venceu uma licitação bastante contestada.

Marcus Vinicius Freire, diretor do COB, representa no Brasil a AON Seguros, que faz o seguro das delegações do próprio COB. Sócio de Alexandre Accioly, que ganhou o direito de comercialização dos bilhetes do Pan.

O que provavelmente a imprensa preferirá mostrar é o provável recorde de medalhas brasileiras, em esportes pouco tradicionais, já que países como os EUA, Canadá e até a Argentina mandarão segundas ou terceiras equipes em várias modalidades.

4 comentários:

Anônimo disse...

muito bom!

Maíra Mello disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maíra Mello disse...

É isso que falo aqui todos os dias. Parece que as pessoas (os brasileiros) ficam anestesiadas quando se fala em farra, festa e esporte. Não sei se é falta de noção ou fingem que não vêem para poder viver melhor. E o que é pior é um país que vê os problemas estampados na cara, não fazer nada nunca e durante um evento querer dar um de cidadão vaiando o presidente.
Sei lá...as pessoas já estão tão afetadas e desacreditadas no país e nos políticos que começaram a surtar!

Anônimo disse...

Bom post! Fiz um link direto pra ele em http://imprensabreve.blogspot.com -relacionado ao meu post falando do Pan.