quinta-feira, 14 de abril de 2011

Entre o “povão” e a classe média, FHC anda mesmo pensando nas eleições de 2014



O artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso “O papel da oposição” publicado pela revista Interesse Nacional vem causando rebuliço e saias justas entre membros do PSDB e do antigo PFL, hoje chamado de DEM. Enquanto psdbistas, democratas, jornalistas e alguns cientistas políticos debatem se as intenções do ex-presidente eram ou não eram que a oposição voltasse seus olhos para a classe média em detrimento das classes menos favorecidas, para mim tudo soou como uma estratégia eleitoral antecipada.

Segundo FHC, o PSBD não soube reivindicar para si os êxitos do seu governo, como se o Governo Lula houvesse roubado todos seus feitos, chega até mesmo comparar as suas políticas assistencialistas ao Fome Zero, ironicamente chama Lula de “ o pai dos pobres” quando na verdade o mérito seria do seu governo, e atribui a isso ao silêncio da atual oposição e ao deslumbramento do país e mesmo do mundo. Ou seja, todos de olhos vendados, menos ele e a turma dos 3% que desaprovavam o antigo Governo.

Uma espécie de aceitação sem protesto do “modo lulista de governar” teria sido criada por um sistema de corrupção que atingiu congressistas seja da situação ou da oposição. O ex-presidente critica também a descentralização do poder para as prefeituras municipais. Minimiza o resultado das políticas do antigo Governo e diz que os empregos gerados pelo Governo Lula são resultado do dinamismo da economia internacional e das políticas de expansão do mercado interno. Diz ainda que há indiferença da sociedade frente às práticas clientelísticas e corruptoras do antigo Governo.

Chega-se à questão chave da polémica do artigo. Os seus argumentos que pretendem ser racionais, pareceu-me num primeiro momento uma espécie de mágoa, FHC propõe que a oposição atue não para o que ele denomina “povão”, mas sim para a classe média, que hoje estaria maior, com mais poder de compra, de influência e de acesso aos meios de comunicação e também por vezes o artigo parecia-me voltado ao marketing político onde lança dados que para ele seriam essenciais ao retorno da oposição ao poder depois de 12 anos.

Entretanto em uma leitura mais atenta pude perceber que tudo isso era pano de fundo para suas reais intenções em escrever este artigo. Com certeza em época de eleições FHC não virá com essa conversa de esqueçam o “povão”, o sua atual estratagema é fazer a classe média pensar que a oposição está do seu lado cabendo à ela através das novas tecnologias que passaram a ter acesso (como cita no fim do seu artigo: “…de seus blogs, twitters, redes sociais, da mídia…”) criar uma forte oposição ao Governo Dilma, enfraquecendo-o desde já, criando redes de enfrentamento, solidificando retóricas oposicionistas, buscando impedir a quarta derrota seguida do PSDB nas presidenciais de 2014.


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