quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Racismo às avessas

Alguns discursos quando falam em racismo chamam-me bastante atenção. Seja no Brasil ou na Europa, há uma insatisfação, em tratar da questão dos negros: “Racismo é contra uma raça e não especificadamente contra negros”.

Uma afirmação lógica que para mim beira um discurso pronto e bem formulado de uma elite branca com intenções claras de desviar a atenção sobre o que realmente se quer dizer. Incrível foi notar fortemente este discurso em África, especialmente entre os mulatos.

Largando mão dos conceitos, quando falamos em questões de gênero, não pensamos em políticas voltadas aos homens, quando debatemos questões sobre orientação sexual, não pensamos como alguns heterossexuais são discriminados, e é claro quando tratamos de questões raciais, buscamos lidar com políticas inclusivas de grupos raciais excluídos.

O que conta aqui são as dificuldades encontradas por grupos minoritários em obter um status igualitário. Abaixo a hipocrisia! Porque todos sabemos que apesar de haver legislações que contemplem a igualdade racial, na prática, no dia-a-dia os negros esbarram no imaginário coletivo de uma subordinação racial.

Outro discurso que precisa ser combatido é quando falamos em políticas de ação afirmativa que garantam uma maior inserção social aos negros, seja acesso à Universidades, políticas trabalhistas etc. “Isso é causador de mais discriminação, não pode-se acabar com o preconceito com mais preconceito”.

Quando estamos em um sistema que legitima as diferenças, que se alimenta das disparidades entre ricos e pobres, brancos e negros, heteros e gays, homens e mulheres, temos que tratar os desiguais de forma desigual. Por mais incoerente que pareça, neste caso, a “dissemelhança” a curto prazo, nos trará a possibilidade da verdadeira igualdade.

Um comentário:

Maíra Mello disse...

estou digerindo o que escreveu, para comentar...logo volto!! mas achei o máximo suas colocações.