terça-feira, 13 de abril de 2010

Sérgio Vieira de Mello

Há poucos meses li a biografia de Sérgio Vieira de Mello, escrita pela jornalista/escritora/académica/funcionária do governo dos EUA, a irlandesa/estadunidense Samantha Power, aliás, com um rigor investigativo invejável em dias em que escrevem-se biografias em duas semanas para suprir a procura de um mercado pós-morte ou corresponder aos apelos midiáticos de “novas personalidades”.

Apesar de brasileiro, fora pouco conhecido no Brasil já que a “grande mídia” (talvez mais adequado o uso do termo “mídia grande”) não o considerava digno de interesse em leitores mais acostumados em ler as fofocas, o que se passa na TV, ou ainda as notícias esportivas. Não que a mídia especializada ou revistas mais conceituadas se debruçassem sobre seu trabalho ou acontecimentos ligados à sua vida. A carência fora generalizada sobre uma das mais importantes autoridades internacionais brasileiras. Admito que talvez, se não tivesse afinidades profissionais que iam ao encontro do trabalho realizado por Sérgio, pouco saberia a seu respeito.

Sérgio fora assassinado no Iraque, em uma missão de paz da ONU que ele mesmo chefiava, em 2003 logo após a conturbada invasão estadunidense. Trabalhou durante cerca de três décadas na ONU e era o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Atuou em missões de paz em países como Camboja, Líbano, Kosovo, Ruanda e Timor-Leste. Mas o que mais chamava atenção nele era a forma como trabalhava, abdicando de hierarquias, conversando e olhando nos olhos de todos, buscando compreender e ouvir todas partes em um conflito mesmo que por detrás da mesa estivesse um genocída ou um ditador.

Ontem, assistindo um documentário sobre ele, pude reconhecer rostos, vozes, lugares, que antes somente com a leitura da biografia, eram apenas representações fantasiosas de minha mente. Ler, assistir, ouvir, ver o Sérgio é como um combustível àqueles que buscam no seu trabalho uma forma de deixar um legado de paz por onde passar.

2 comentários:

Larissa Bello disse...

Muito interessante!
Esse filme podia muito bem estar entre os filmes exibidos no festival "É Tudo Verdade" que está acontecendo no Rio e em São Paulo. É uma pena!

Unknown disse...

É interessante quando você se refere a mídia como "mídia grande", infelizmente o que você disse é a realidade; Concluo isso por eu mesmo e tenho certeza de que a maioria das pessoas são assim também, só ficam por dentro do que a mídia acha viável.. Pobre do Sérgio que não teve a mídia voltada para o seu dígno trabalho de ajudar as pessoas, ao que realmente vale a pena na vida. Saudações eternas!